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Isso é bem confuso mesmo, amiga. E eu diria que é uma das coisas que não foram muito bem trabalhadas na história. Não sei se vou conseguir te oferecer uma explicação, mas posso tentar dividir o que eu entendi. Esse voto foi feito pelo rei Karl Fritz (145º rei de Eldia, se não me engano), que era o portador do poder do Titã Fundador no momento em que os eldianos perderam a Grande Guerra de Titãs pra nação de Marley. Isso aconteceu uns 100 anos antes da queda da muralha Maria, vulgo começo da história. O Titã Fundador tem o poder de controlar todos os outros titãs e de manipular a memória dos Súditos de Ymir, certo? Então, esse rei bunda-mole usou esse poder pra erguer as muralhas, aprisionar e alterar as memórias dos eldianos que ele levou pra lá depois do fim da guerra. Tudo isso porque ele acreditava que eles mereciam ser segregados do resto do mundo por causa das atrocidades que vinham cometendo pelos últimos 1800 anos com o poder dos titãs. Além disso, o rei Fritz fez esse voto de renúncia à guerra, que é tipo uma maldição (na minha interpretação) que passa pra todos os sucessores desse rei, ou seja, inclui Zeke e Historia. O voto põe uma “trava” nos poderes do Fundador (nesse episódio representada pelas correntes que prendem o Zeke no plano nos caminhos) e impede que eles sejam usados pra combate, mesmo que seja pra se defenderem de um ataque externo à ilha de Paradis, por exemplo. Pro rei Fritz, aquele "paraíso" que ele construiu pros eldianos era temporário, ele sabia que a qualquer momento eles poderiam ser atacados por Marley e, pelo motivo citado acima, ele estava de boas com essa ameaça. Ele acreditava que qualquer forma de retaliação que o mundo decidisse dar aos eldianos seria justa, até mesmo o extermínio, e aquele voto obriga todos os herdeiros da família real a obedecerem. Ou seja, esse voto é o que impedia o Zeke de simplesmente devorar o Eren, tomar o poder do Fundador pra si e completar seu plano de esterilizar todos os eldianos. Ele precisava do Eren porque ele não é descendente da família real, logo, não tá preso à frouxidão daquele rei e pode usar o verdadeiro poder do Fundador pra combate e pra executar o tal plano. Enfim, acho que é isso. Espero não ter te confundido mais ainda. x)
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Contribuindo para o debate: o Zeke conseguiu desfazer o voto de renúncia à guerra porque ele "burlou" as regras do fundador e obteve o poder do Titã original sem ser o fundador, por causa do sangue real. Além disso, no plano dos "caminhos" não existe tempo, razão pela qual ele aparece mais velho, de cabelos longos e unhas enormes. Ele passou tempo suficiente naquele plano para conseguir anular esse voto, que nada mais é que a própria Ymir obecedendo as ordens do primeiro rei das muralhas. A razão pela qual ninguém nunca tentou foi simplesmente porque a família real durante todo esse tempo acreditou que essa era sua missão, aceitar os pecados dos eldianos e evitar que o mundo caísse no inferno mais uma vez. Ao contrário do que a colega disse, os caminhos são muito bem explicados, só que assim como o poder dr titãs, é algo místico, mágico e que exige que suspendamos algumas descrenças para aproveitar a narrativa. O zeke ter anulado o voto pode ter também relação com a sua vontade, os caminhos não são como um "mundo paralelo", mas um espaço etéreo onde são abrigados desejos, vontades, memórias. É uma verdadeira experiência extracorpórea. Algo que só eldianos são capazes de experimentar, e que só o fundador pode controlar. Zeke apenas foi mais forte que essa "vontade" do rei das muralhas, conseguindo suprimir o voto. Além disso, ele obteve o poder através da chave, que é o Eren, que está "preso"
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Sobre o seu argumento do porquê o Zeke ter aprendido a burlar o voto, eu até entendi isso mesmo depois de ler tudo. Mas meu comentário foi focado no anime, que é o que estamos discutindo aqui (se bem que, a meu ver, o anime cometeu o mesmo erro que o mangá).
Até esse ponto, nunca havia sido mencionado que era possível abdicar o voto. Isso nunca foi sequer cogitado ou imaginado (não que eu me lembre, me corrija se eu estiver errada). É decepcionante porque, quando quer, Shingeki sabe usar foreshadowing e plantar pequenas informações que serão de grande importância mais pra frente com muita competência.
Quando uma solução é jogada assim do nada, fica uma coisa meio Deus ex Machina. Ou melhor, um Diabolus ex Machina nesse caso, já que o Zeke tá mais pra um antagonista. Talvez você ache que foi “muito bem explicado” porque a história ofereceu informações que, pra você, foram satisfatórias. Porém, quantidade de informação é diferente de qualidade de informação. Não é nem questão de suspensão de descrença, mas sim de habilidade pra desenvolver uma ideia complexa de forma que não se precise recorrer a conveniências de roteiro pra que aquilo faça sentido dentro do universo.
Se a gente sai da situação ficcional e analisa do ponto de vista de construção de narrativa, não houve qualquer fundação que justificasse o Zeke tirar essa carta da manga naquele momento. Isso é uma escolha que Shingeki faz algumas vezes pra criar momentos de reviravolta (por exemplo, quando a tropa de exploração usa os thunder spears contra o Reiner na 3ª temporada. O elemento surpresa é apresentado pra causar impacto e a explicação só vem depois. Ou alguns segundos antes, não lembro muito bem).
É o payoff sem o setup, sabe? Tá tudo bem se funciona pra você, mas tecnicamente, acredito que não seja a melhor forma de se trabalhar plot twists. É ótimo quando a narrativa traz reviravoltas surpreendentes mas, ao mesmo tempo, elas têm que parecer lógicas e até inevitáveis. Tem que haver uma preparação de terreno, senão a gente cai naquele tropo de tirada de bunda. :/
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Eu discordo de você em vários pontos. Primeiro porque o poder do fundador é por si só um deus ex-machina, queira vc ou não. É um poder supremo, isso tá bem claro. Outra: numa ficção ou qualquer construção narrativa, eu discordo que todas as informações precisam estar claras e bem explicadas, eu acho que dá pra muitas coisas serem "entendidas" com análise objetiva do que tá acontecendo. Nunca vi ninguém questionar essa parada do Zeke no mangá, até porque é bastante intuitivo entender o que rolou ali, já que ele NÃO É o portador do titã original. Isso tá acontecendo no anime, só. Não vejo sentido em como isso poderia ser conveniência de roteiro, a Ymir obedece pessoas de sangue real e ele tem sangue real. Sinceramente, se vc acha que isso é conveniente, fica parecendo que vc não se ligou nos elementos que são explicados desde a caverna dos Reiss... Isso por si só já desbanca essa ideia de que "não tem fundamento pro que aconteceu". Tudo o que foi trabalhado aqui foram elementos já existentes.
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"nunca havia sido mencionado que era possível abdicar o voto"
Mas o voto não é nenhum poder mágico, é uma ordem. Uma ordem que foi desfeita. O problema, ao meu ver, é q vc tá tentando botar muita interpretação em cima de algo que é bem mais simples. A razão pela qual a vontade do Karl Fritz permaneceu "possuindo" os portadores seguintes foi porque essa ordem nunca foi contrariada, Zeke foi o primeiro a fazer isso porque ele conseguiu chegar aos caminhos sem ser "imbuído" com essa vontade. Ele não é o portador do titã original. Ele não tem como ser afetado por algo que afeta o sucessor. Esse elemento de que a possessão afeta os sucessores somente já foi explicada mais de uma vez (no mangá e no anime). SNK tem muitos elementos, muitos mesmos, e vários deles se perdem ao longo do tempo, mas isso não quer dizer que não está lá.
"habilidade pra desenvolver uma ideia complexa de forma que não se precise recorrer a conveniências de roteiro pra que aquilo faça sentido dentro do universo"
Não é uma ideia complexa. É só acompanhar o diálogo e os elementos que a história já explicou.
Possessão só afeta portadores -> Zeke não é um portador.
Eren é a chave -> Zeke obteve o fundador ATRAVÉS do Eren, ele continua NÃO SENDO o titã original -> Não pode ser afetado pela ideologia do rei. Já foi explicado no anime que só os portadores do titã fundador são afetados por isso.
Ele diz que "no tempo infinito que passei por aqui, consegui desfazer o voto". Nos caminhos, o tempo não é percebido como no mundo real. O Zeke aparece de cabelos longos, unhas enormes, dando a entender que ele passou um bom tempo naquele lugar tentando desfazer o voto, e finalmente conseguiu. Ele provavelmente não conseguiu convencer Ymir de desfaze-lo imediatamente, afinal ela está obedecendo ao Karl Fritz desde que ele morreu, mas como ele tem sangue real, em algum momento ela cedeu. "Ymir é uma escrava sem vontade", como o próprio já disse.
Sério, se com tudo isso vc acha que é só conveniência de roteiro...
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Lucas, tudo que você disse sobre as exposições que a obra oferece pra todo esse rolê é super válido. Concordo que essas informações estejam lá, só que não da maneira que elas deveriam estar. De qualquer forma, não é disso que eu tô reclamando, rs. Meu problema não é o conceito do poder do titã Fundador em si, se é magia ou não, e nem como o Zeke aprendeu a abdicar o voto. O que eu tô questionando é a forma como essas ideias foram trabalhadas na história. Na minha opinião, não foram bem construídas.
Os seus argumentos são justificativas "in-universe'' pra crítica que eu fiz. Com isso, você não tá refutando o que eu disse (porque são questões distintas), e sim buscando invalidar e evadir essa crítica. Uma coisa é debater os acontecimentos do universo da obra de ficção, outra é discutir as escolhas criativas feitas pelo autor/roteirista pra conduzir a narrativa até um determinado ponto. No caso, uma reviravolta importantíssima que vai ditar as ações do protagonista daqui pra frente. Esse foi o alvo do meu comentário.
O terreno não foi bem preparado e, com isso, informações vitais pra estabelecer a importância daquela revelação foram deixadas pra depois em prol do fator surpresa. Não funcionou. Eu vejo como uma conveniência de roteiro porque, por definição, conveniências de roteiro são situações improváveis de acontecer que só ocorrem porque “tem que ser assim pra trama andar”. Isso enfraquece demais uma história.
A intenção era criar uma circunstância em que o Zeke pudesse rebater o blefe do Eren? Ok. Então o autor/roteirista tinha a tarefa de plantar as sementes disso, criando fatos e introduzindo pequenas pistas que quase inevitavelmente resultassem naquela reviravolta, deixando-a natural e provável de acontecer. Assim, quando o Zeke jogasse aquele trunfo, a gente ficaria tipo “c*r@lh0w$s, pode crer! Eren mó otáriooo. Agora f*deu tudoo!” Em vez disso, a gente fica tipo “Hã? O que eu perdi? Isso era possível?” Isso sim nos arranca violentamente da nossa suspensão de descrença e mata todo o clímax emocional.
Não tem nada mais satisfatório pro leitor/espectador do que ler/assistir algo que parece não ter importância nenhuma e depois essa coisa se encaixar perfeitamente em uma situação mais adiante. SNK já conseguiu fazer isso com êxito muitas vezes. Por exemplo, com a revelação do Reiner e do Bertolt serem os titãs Encouraçado e Colossal, com o fato das muralhas não serem tudo que restou da humanidade e até mesmo essa mais recente da Gabi atirando no Eren.
Essas reviravoltas funcionaram muito bem justamente porque eram inevitáveis. Quando a gente revisita a obra dá pra ver claramente todos os momentos em que as sementes desses pontos de virada foram plantadas. Por isso aqueles twists foram tão impactantes, por isso este da abdicação do voto não foi.
P.S. Uma coisa que me deixou confusa, por que você acha que o poder do Fundador é um Deus ex Machina?
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Porque é. Se vc leu o mangá, vc sabe do que eu to falando. rs. Mas o fundador basicamente tem o controle de tudo, como o Ksaver já explicou. E o que basta é a submissão de Ymir. O problema é que a revelação do Zeke não é relevante, simples assim. Vc tá tratando como se ele desfazer o voto de renúncia a guerra fosse um super plot twist, quando não é. Zeke tem sangue real. Era esperado que isso acontecesse, principalmente pela forma como ele obteve o poder. A revira volta principal da história vai acontecer no próximo episódio, e essa sim é uma revira volta extremamente bem construída e que vai ditar os rumos da narrativa. Não estou invalidando sua crítica de forma alguma, estou discordando veemente dela, apenas. Porque isso tá explicado, FOI explicado (pelo próprio Zeke) e vc tá tratando como uma falha de roteiro, e eu acho meio complicado vc usar esse argumento só pq vc não ficou satisfeita com a explicação... Mas enfim, eu acho que isso vai de cada um, né? Não tem mto o que fazer e é meio inútil discutir. Só estou mostrando que os elementos estão ali
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Ué. Eu li, mas não sei se sei do que você tá falando, haha. Deus ex Machina não é necessariamente um “poder supremo”, como você mencionou lá em cima… Sigo confusa, mas ok.
Talvez você tenha razão e eu esteja querendo, como você disse, “botar muita interpretação em cima de algo que é bem mais simples”. Eu caio no pecado do overthinking e do nitpicking às vezes mesmo. De fato, ainda tem muita água pra rolar debaixo dessa ponte.
De qualquer forma, minha intenção nunca foi mudar sua opinião e acho que discussões interessantes nunca são inúteis! Eu gostei de ouvir o seu lado. A gente pode concordar em discordar, que tal? :)
P.S. Uma retificação: estive revisitando alguns pontos do mangá e esbarrei numa parte (capítulo 115, pra ser exata) onde tem uma conversa entre o Ksaver e o Zeke em que o Ksaver fala que é possível anular o voto de renúncia à guerra. Ou seja, eu estava errada quando disse que isso nunca havia sido mencionado antes. Eu que não lembrava, peço desculpas. Mantenho minha posição de que não foi bem construído, mas não posso dizer que a informação nunca existiu.
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