Eu provavelmente teria a mesma reação que a Janice se um homem me desse um soco, sou dessas.

Richie virou linguiça, por essa eu não esperava! Pelos menos não tão cedo nem pelas mãos da Janice...

Eu a d o r o a Carmela.

não só livrou Tony como a nós também, Janice e Richie já vão tarde

[revendo]

Há quem diga que nomes de episódios são referências ao que acontecerá nos mais de 50’ min de tela, outros acham que nada tem a ver, alguns intitulam “capítulo 1, 2, 3,” e assim em diante, e muitos são óbvios demais ou marcam época com seus nomes filosóficos e cheios de referências. A verdade é que Sopranos tanto criou a maior parte de material criativo para uma série de tv como referenciou atos clássicos da sétima arte.

The Knight in White Satin Armor é uma peça teatral trágica, em que seu próprio nome anuncia o fatídico fim para uns, transformação para alguns, resolução para outros. O cavaleiro em uma gloriosa armadura de cetim branca, preparado para seu momento de honra e conquista, mancha-se com aquele que era seu guardião, seu grande protetor. A verdade é que Janice foi manchada de sangue primeiro, pela violência exacerbada de um alguém bem duvidoso, para depois vestir a verdadeira armadura de coragem e não de cetim - como ela tanto esperava -, dando cabo a vida de um miserável com audácia mas ainda assim, miserável. Por mais que a fama de Richie preanunciasse o completo desastre a Soprano sister, ela quis acreditar, mas isso não foi suficiente para que ela conseguisse realizar o sonho de vestir a gloriosa e verdadeira armadura que tanto a encantava. Creio que é o bastante pra entender que Sopranos “inventou” o que chamamos de referência.

De outro lado, muitos indicativos estiveram permeando o episódio. Carmela devastada com o suposto sucesso de um matrimônio que cheirava a fracasso. A fala dela para Janice sobre o curto tempo de felicidade é dolorido, mas em assuntos de família mafiosa, ela já tem doutorado. Tanto é que sua fala final é cheia de ironia e sarcasmo: “Esse casamento não era abençoado...”, nasce uma estrela, ela se chama Carmela. Talvez isto seja pra compensar a falta que a matriarca Soprano faz na série..

De tantas reviravoltas nesse episódio e o misto de sensações, vemos o nosso protagonista vivenciar algo que lhe é comum desde o início da série: a solidão. O abandono de alguém que sempre deu ordens e agora de fato é o manda chuva, é sofrível. É muito irônico como Tony é abandonado por todas as mulheres de sua vida nesse episódio, mesmo que no fim, uma dessas solucione boa parte de seus dilemas. Ao mesmo tempo em que ele tenta abandonar sua amante russa e “fazer o certo”, Carmela chega ao ápice e o deixa de lado. Mamãe ri de sua cara quando o bebê tomba no chão igual moleque. Meadow é indiferente a ele. Melfi está obcecada mas não sana todas suas dificuldades e o deixa em seus momentos de crise. Traído e deixado, o melhor amigo daquele que todos gostariam de andar de mãos dadas no recreio, é o Prozac. Talvez o narcisismo que Tony tanto vê em sua mãe é a melhor análise de si mesmo, está intrínseco à ele, portanto imperceptível.

Culpo Tony? Sim. Culpo Ma e Janice? Óbvio. Culpo Carmela, AJ e Meadow, Junior, Richie? Também. Não há mocinhos em uma família de culpados.

Em tempo, Júnior é um estrategista nato. Virou o jogo assim como Tony fez com ele na 1º temporada. Que revisão incrível, que série!