Corro pra ver qualquer coisa que retrate a história de Roma, a série não é perfeita, mas eu curti muito essas duas temporadas. A cinematografia tem momentos bem bonitos, assim como a direção, além disso, a série inteira ser falada em latim arcaico é simplesmente fantástico.Esse plot twist do manto me pegou muito de surpresa, puta ideia de gênio do Wiros. Achei a morte do Yemos um tantinho anticlimática, esperava algo mais épico (?) toda aquela busca pra curá-lo da flechada pra em seguida morrer achei meh, que um dos dois iria morrer, já esperava, mas achei a escalada de desentimentos / enfrentamento entre os dois, tudo muito rápido, poderiam ter trabalhado isso melhor; executado melhor, não sei, não senti impacto como achei que sentiria quando acontecesse.

Agora, o desenvolvimento do Wiros é incrível, sempre o achei muito mais interessante do que o Yemos. Esperto, safo e manipulador, a melhor condução de personagem da série até aqui pra mim e o ator é muito bom. O roteiro pontuou as nuances do Wiros desde a primeira temporada, o poder e a ambição dele feito bichinhos dentro da jaula adormecidos. O "eu não sou ninguém e posso ser qualquer um" foi sensacional, totalmente crível dentro do que é o personagem desde o piloto.Quero só ver o que a Silvia vai fazer agora que o Titos abraçou o Wiros como irmão baseado numa mentira construída pelo próprio Wiros, que já não é mais Wiros né, escravo fugido, é Romulus, Rei e fundador de Roma, não mais filho de Rumia, mas filho do deus Sancos. Sim, pq com certeza, ela não engoliu a história de parentesco dele com o Titos, sem esquecer da Ilia, agora com um (a) filho (a) do Yemos. Espero que renovem, porque cabe mais uma temporada pra pelo menos fecharem a história.

pausa momento google: a série mostra muitos rituais usando sangue e leite desde a primeira temporada, se não me engano tem algo a ver com a Lupercália, ritual antigo das terras romanas que servia para garantir a fertilidade, a proteção da cidade e espantar os maus espíritos. Todo aquele povo que morava na caverna na season 1 se dizendo filhos da Rumia, é uma referência aos Luperci, aqueles que se ungiam com sangue de animais sacrificados, sendo que Luperci significa "irmãos do lobo". A Ilia se não me engano num episódio lá na primeira temporada passou por um ritual usando leite, assim como o Yemos, o leite tem significado de purificação.

A série me parece que tem uma proposta de releitura da lenda de Rômulo e Remo, mas o interessante é que segundo essa mesma lenda, os dois são filhos de Rhea Silvia com o deus Marte, sendo que Rhea Silvia, pela lenda, é filha de Numitor, rei de Alba Longa, lembrando que a mãe do Yemos na série tambem se chama Silvia. Acontece que essa Rhea Silvia, mãe de Rômulo e Remo, que seriam futuramente os fundadores de Roma, é também chamada de Ilia. Na mitologia, Rhea Silvia é uma virgem vestal - exatamente o que é a Ilia lá no início (season 1), vivendo naquele templo só para mulheres celibatárias. A Ilia assim seria/ou viria a ser a Rhea Silvia da lenda, mãe fundadora de Roma. Me parece que a série fez uma inversão do mito, ao colocar a Ilia pra ser também a filha de Amulius. Na mitologia, Amulius é tio da Rhea Silvia (Ilia) e não pai, e é ele que manda matar os gêmeos quando eles nascem, pra então tomar o poder do seu irmão, Numitor, daí os gêmeos acabam sendo jogados no rio Tibre e amamentados por uma loba.