Escrita por: Amanda Kassis
Este texto possui spoilers sobre os principais momentos do episódio.
O BDS News foi convidado a assistir ao 3º episódio da 2ª temporada de 'House of the Dragon', uma série original HBO, baseada no livro 'Fogo & Sangue’ por George R. R. Martin.
Diga adeus à calmaria! Um episódio introduzido pelas cenas da Batalha do Moinho Flamejante só poderia ser sinal de que aconteceriam grandes movimentações táticas e que, ao contrário do que foi visto em "Rhaenyra, A Cruel”, o roteiro expandiria seus horizontes para além da Fortaleza Vermelha e da Pedra do Dragão.
Nos momentos iniciais, há uma carnificina entre os Blackwoods, leais aos Pretos, e os Brackens – apoiadores de Aegon II (Tom Glynn-Carney). Sendo as duas das mais influentes casas das Riverlands e inimigos por gerações, as divergências só poderiam resultar em grandes perdas para ambas, incluindo a morte de Lord Samwell Blackwood (Jonny Weldon). Quando a notícia se espalha por Westeros, começa uma corrida contra o tempo para garantir um exército de mais de 40 mil homens que a região pode oferecer, sendo essa movimentação o grande foco do episódio.
Na Fortaleza Vermelha, as mudanças causadas pelo novo reinado já são visíveis. Banners verdes substituem o tradicional design Targaryen, além de haver novos Mantos Brancos na Guarda Real, soldados que não foram treinados por Sir Cole (Fabien Frankel) e que não aparentam ter a disciplina necessária para a guerra. No Pequeno Conselho, o Comandante se oferece para ir de maneira discreta às Riverlands para converter os apoiadores dos Pretos e, se seu plano falhar, quer que a invasão do maior castelo dos Sete Reinos, Harrenhal, seja feita pela casa Bracken.
Já na Pedra do Dragão, a situação é mais passiva. Rhaenyra (Emma D'Arcy) se mostra relutante por não ter notícias de Daemon (Matt Smith), que partiu para conquistar o castelo em questão. Claramente, ela está começando a perder as rédeas de seu conselho por preferir poupar vidas e encontrar uma maneira de parar o derramamento de sangue, algo que considera o seu dever como monarca. O contraste dos dois lados desta guerra não significa fraqueza dos Pretos, afinal, eles possuem a força incomparável dos seus dragões.
Falando nas letais criaturas, Rhaena (Phoebe Campbell) será mandada para longe com os jovens dragões, ovos e, também, o pequeno príncipe Joffrey (Oscar Eskizani) para mantê-los seguros. Sobre a proteção de Lady Jeyne, chefe da Casa Arryn, eles devem permanecer no Vale para garantir o futuro dos Pretos. A decisão segue a obra original e tira de cena uma personagem que, desde o princípio, foi mal aproveitada pelo roteiro e que não parecia mais se encaixar na dinâmica após o assassinato de Lucerys (Elliot Grihault).
Depois de ter pouco espaço no episódio anterior, não demora para Daemon reaparecer de forma triunfal, conquistando Harrenhal, onde não encontra resistência dos poucos moradores: Simon Strong (Simon Baele) e seus netos. O guerreiro de idade avançada é tio-avô de Lord Larys (Matthew Needham) com quem claramente não possui um bom relacionamento e decide jurar lealdade à Rhaenyra. A fortaleza decadente é o único local que pode abrigar as dezenas de milhares de soldados da região, mas Daemon – que agora quer ser tratado como rei consorte para inflar seu ego – ainda precisa conquistá-los.
O terceiro episódio também é marcado pela aguardada participação especial de Milly Alcock, a atriz que ascendeu ao estrelato após interpretar a versão jovem de Rhaenyra. Sendo parte de uma alucinação com o falecido príncipe Jaehaerys, a princesa mostra seu descontentamento com as ações de Daemon. A situação bizarra parece ter conexão com Alys Rivers (Gayle Rankin), uma das moradoras de Harrenhal que, em tom premonitório, avisa ao Targaryen de que ele morrerá naquele lugar.
Já nas tramas secundárias, os destaques ficam para a primeira aparição de Sir Gwayne Hightower (Freddie Fox), irmão de Alicent, que chega a Porto Real e decide acompanhar Cole na luta pelas Riverlands e, também, a nova posição de Lord Larys na Corte – promovido a Mestre dos Sussurros de Aegon. Tal decisão ingênua continua a colocar o jovem rei em uma situação vulnerável, exposto às manipulações do homem mais velho que possui a Rainha Viúva na palma da sua mão.
Ainda sobre os relacionamentos dos Verdes, há um curioso plot se desenrolando pelas beiradas. Desde que Aemond (Ewan Mitchell) matou Lucerys, há uma tentativa de humanização dele, que mostra sua vulnerabilidade quando está na companhia de Madame Sylvi, interpretada por Michelle Bonnard, trabalhadora de um dos bordéis da Rua de Seda e a primeira mulher com quem se relacionou. O príncipe cruel é um dos Verdes mais complexos e bem-desenvolvidos da trama, trazendo uma sensação proposital de que ele deveria ser o usurpador do Trono de Ferro, um adversário à altura de Rhaenyra.
Essa tática de humanização dos Verdes não passa despercebida pelo fandom. Seja ao mostrar uma versão mais subjugada e arrependida de Alicent em comparação à temporada passada, o luto de Aegon ou o arrependimento de Aemond, ‘House of the Dragon’ está empenhada em atrair alguns seguidores para o outro lado, afinal, seria muito simples se toda a audiência erguesse suas bandeiras em lealdade aos Pretos.
Na sequência final, ocorre o aguardado reencontro entre as duas faces da trama. Com a ajuda de sua nova aliada Mysaria (Sonoya Mizuno), Rhaenyra entra disfarçada na capital para conversar com Alicent sozinha. Essa é a última oportunidade para encontrarem uma caminho para a paz, entretanto, isso é ingenuidade da rainha legítima. Frente a frente pela primeira vez, as duas mantêm civilidade, mas, como é ressaltado por Alicent, o tempo de negociações já passou, pois há muito sangue inocente derramado.
A princesa Targaryen finalmente entende os últimos minutos de seu falecido pai e como a conversa dele com a esposa levou ao mal-entendido sobre Aegon. Como havia sido mostrado à audiência, Viserys (Paddie Considine) não mudou de ideia sobre a sucessão, mas proferiu a história da Canção de Gelo e Fogo, sobre Aegon, o Conquistador – somente conhecida por aqueles que estão destinados a ascender ao Trono de Ferro.
Aqui, fica a sensação de que 'House of the Dragon' finalmente conclui o que se dispôs a fazer para apresentar o tabuleiro de xadrez e suas peças, apostando em propaganda, construções de alianças e tentativas de negociações. Agora, a recusa de Alicent deixa Rhaenyra sem saída, exceto agir e dançar conforme a música que os Verdes escolheram. A Dança dos Dragões está aqui e, se restava alguma dúvida, não é à toa que o próximo episódio possui tal título. Em uma guerra como essa, será que haverá vencedores? Bom, pedir que a audiência vença certamente é a melhor opção.
Quer acompanhar a 2ª temporada? Semanalmente, aos domingos às 22h, um novo episódio é exibido no canal HBO e simultaneamente disponibilizado na Max. A temporada contará com 8 episódios.
Nota: 8.5