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Destaque: Cangaço Novo - 1x3 - Meu Nome é Ubaldo Vaqueiro
Escrito por: João Pedro Pinho
Do caralho!!! O nível das cenas de ação dessa série tá incrível demais, e me deixa muito feliz ver uma produção nacional do gênero com tantas sequências fodas - temos uma defasagem horrível no Brasil com cenas de ação, principalmente de porrada um a um. O roteiro tá maravilhoso - a maneira como são construídos paralelos e abismos entre Ubaldo e Dinorah é muito potente e bonito de se ver. No primeiro episódio, Ubaldo se permite chorar bastante, em local público, depois de receber a notícia sobre o pai ser entubado e ver que tudo está ruindo. No segundo episódio, Dinorah fala para Ubaldo que ela não se permite chorar por não ser que nem ele, não derramou uma lágrima quando sua amada galinha foi morta por Ubaldo na infância, mas, no presente, ao reviver esse trauma e atirar para matar o irmão, Dinorah desagua um choro enraivecido no carro, onde ninguém pode vê-la sendo vulnerável. A verdade é que os dois são profundamente machucados e traumatizados - Dinorah se agarra às violências e tragédias que atravessaram sua vida para, através da memória delas, lembrar que precisa ser dura na queda para garantir a sobrevivência dela e dos seus. Já Ubaldo passou por um mecanismo muito comum do inconsciente de uma pessoa traumatizada: suprimiu e abafou as violências extremas que presenciou quando moleque, não se recorda de nada da vida seca e bruta que deixou para trás (mas que sempre vai assombrá-lo de alguma maneira enquanto ele não parar de fugir e encarar de frente o seu passado). E se os dois são atravessados pela tragédia mas lidam com a dor de maneiras totalmente díspares, um ponto eles têm em comum: tem algum nível de empatia, e não concordam com a brutalidade quando ela é direcionada ao povo, aos inocentes. Por isso ambos foram visitar a família para retribuir a eles partes do que lhes foi injustamente tirado pelos cangaceiros. Por isso se uniram numa revolta compartilhada ao ver que a vida de uma família foi ceifada por pura maldade e ignorância. Isso tudo culminar na cena final do episódio, com Ubaldo explodindo e assumindo que essa terra manchada de sangue também corre em suas veias e que ele vai ficar, mas para mudar as coisas, é fenomenal. Dá um puta êxtase, como roteirista, ver construções de tramas e personagens dessa maneira. A direção também está fenomenal - mas isso não surpreende em nada, sendo de Aly Muritiba. E a O2 mais uma vez produzindo uma série ousada, que mistura crime com família, e entrega sequências mega sofisticadas e avança em muito a dramaturgia brasileira - sou fã de Pico da Neblina, e fico feliz de agora termos também Cangaço Novo no Panteão das nossas séries.