Destaque: Good Omens - 2x6 - Chapter 6: Every Day

Escrito por: Isabelle Lopes

Um comentário sério agora: sim eu sei que existe o medo da série não ser renovada e esse ser o final definitivo, mas tudo o que aconteceu no relacionamento dos dois faz sentido para o desenvolvimento dos personagens e eu acho inclusive que era necessário mesmo. Não é justo querer que o Neil acelere o curso da própria história só para garantir um final feliz. O que garante um bom final é uma boa trajetória. Se fosse do nada iria diminuir muito o impacto da narrativa.

Sim, Crowley e Aziraphale estão trabalhando por conta própria e indo contra seus "times" há muito tempo, mas eles têm trajetórias MUITO diferentes. Faz sentido que mesmo sabendo de tudo que os anjos fizeram de errado, Aziraphale ainda veja o Céu como algo que pode ser consertado e usado para o bem. Ele ainda pensa que o problema são as entidades. Ainda não percebeu que é o próprio sistema de Céu e Inferno que é falho e injusto.

A reação ao beijo também faz sentido. É obvio que ele queria retribuir, mas ele sempre foi repreendido e diminuído pelo seu apego às alegrias terrenas: a paixão por comer, beber, ouvir música, ler livros, possuir objetos, apegar-se às pessoas... Se esses desejos o fazem ser visto como inferior por aqueles que deveriam ser seus iguais, imagina amar romanticamente?

Ele reage bem à relação de Gabriel e Belzebu, dá pra ver o fascínio no rostinho dele, mas tudo é bem diferente quando os envolvidos somos nós, né? É só fazer um paralelo com as pessoas que, mesmo sendo mente aberta e inclusiva com outros, passaram pelo processo da homofobia internalizada. Pessoas lgbt+ que passam por longos processos de culpa religiosa pois cresceram em ambientes onde seus desejos eram vistos como sujos, etc. É compreensível. O póbi precisa de mais tempo para processar tudo isso.

A forma como ele acaba o beijo chorando e coloca a mão nos lábios quando o Crowley vai embora........ Michael Sheen você me paga!!

Tudo faz sentido. A cena em que o Crowley rejeita o perdão do Aziraphale? Incrível, 10/10. Aceitar um perdão seria reconhecer que fez algo errado, e ele sabe que amar o anjo dele e tacar o foda-se pra hipocrisia dicotômica de Céu e Inferno são as coisas mais certas que ele já fez na vida. O fato do Aziraphale não perceber que oferecer transformá-lo em anjo novamente é uma ofensa só mostra o quanto ele ainda tem que aprender. E ver isso vai ser muito interessante.

Final de temporada coerente demais. Agora é torcer pela renovação pois em Neil Gaiman nós confiamos.

Esta publicação faz parte dos comentários do episódio 2x6 de Good Omens