Escrita por: Amanda Kassis
Após o sucesso de séries do Extremo Oriente como 'Round 6', 'Vicenzo' e 'Uma Advogada Extraordinária', a Netflix está ampliando essa categoria no seu catálogo. 'The Glory' é uma dessas novas apostas originais do streaming e deve agradar aos fãs de dramas de vingança.
Moon Dong-Eun é uma professora de Ensino Fundamental que carrega as marcas físicas e psicológicas das torturas e dos abusos que sofreu durante a adolescência por um grupo de cinco estudantes. Após ser abandonada pela mãe que fugiu com o suborno que recebeu da família rica de um dos abusadores, a garota coloca toda a sua energia no trabalho e nos estudos para alcançar o seu sonho: reencontrar a líder do grupo, Park Yeon-Jin, e destruí-la.
A vingança também envolve punir os outros membros do grupo e os espectadores que silenciosamente assistiam às brutalidades sofridas por Dong-Eun. Após 18 anos, todas as peças do tabuleiro se encaixam e a protagonista pode colocar o seu plano meticuloso em ação: ela se torna professora da filha de Yeon-Jin e se infiltra na vida dos seus abusadores.
Os episódios intercalam entre os flashbacks explícitos da tortura sofrida por Dong-Eun e as consequências que o retorno dela causa na vida dos abusadores. Ao longo dos anos, os cinco construíram vidas confortáveis, mas frágeis, e têm muito a perder caso ela decida revelar tudo o que sofreu. Um ponto interessante é que, desde o princípio, a personagem deixa bem claro a eles qual é o seu objetivo – e somente a ameaça já leva os membros do grupo a se voltarem uns contra os outros, numa tentativa de salvarem a própria pele.
No meio do caminho, Dong-Eun, que tem receio de se aproximar de outras pessoas e perder o foco, acaba encontrando aliados que compartilham de alguma forma a dor que sente. Ela faz uma aposta certeira de que a união entre vítimas é mais forte do que aquela entre os perpetradores. Quanto mais a trama avança, mais a protagonista vai se abrindo, porém, sem esquecer da sua vingança.
Assim como visto em 'O Gambito da Rainha', essa produção utiliza um jogo de tabuleiro para, muitas vezes, ditar o ritmo da história. Ao invés de xadrez, 'The Glory' escolheu mostrar o jogo mais antigo do mundo: Go. O resultado é uma dança sensual entre os jogadores, e uma forma visual de mostrar como a mente da protagonista construiu meticulosamente o plano.
Avaliando o lado técnico, esta série possui todos os elementos bem executados. O que mais chama a atenção é a direção de fotografia e coloração que resultam em imagens que enchem os olhos. A trilha sonora cumpre o seu trabalho de auxiliar na construção do tom das cenas, e a produção ainda conta com um elenco talentoso.
O destaque fica para a estrela da série Song Hye-Kyo ('Dong-Eun'), – conhecida por atuar em romances dramáticos e, agora, aposta neste novo gênero – Jiyeon (a vilã 'Yeon-Jin') e Lee Do-Hyun, intérprete do interesse romântico da protagonista que também guarda os próprios segredos sombrios. O roteiro é assinado por Kim Eun-Sook, responsável por doramas consagrados como 'Descendants of the Sun', 'O Rei Eterno' e 'Mr. Sunshine'.
Qual é o veredito? A trama bem elaborada mistura elementos da série 'Revenge' e dos doramas sul-coreanos 'Eve' (Viki) e 'My Name' – também da Netflix – o que não a torna inovadora, mas não deixa de ser instigante. Há uma clara atenção aos detalhes do plano, portanto, não é um trabalho preguiçoso, e o ritmo é ideal para manter a audiência interessada.
Também, é bom ver que produções do Extremo Oriente estão abordando assuntos considerados tabús, tais como bullying, suicídio e saúde mental. 'The Glory' não é recomendada para todos, já que a história de Dong-Eun pode despertar memórias ruins e causar desconforto. Para aqueles que estiverem dispostos a assistir, essa pode ser a primeira maratona de 2023!
Quer conferir? Os 8 episódios da Parte 1 de 'The Glory' já estão disponíveis. A previsão de estreia da Parte 2 está marcada para março de 2023.
Nota: 8.5