Crítica - Fate: The Winx Saga 2ª T

Escrita por: Amanda Kassis

Este texto contém spoilers sobre o desfecho da nova temporada.

Bem-vindos de volta à Alfea! Após quase 2 anos de espera, 'Fate: The Winx Saga' retorna com 7 novos episódios que trazem mais da essência de 'O Clube das Winx', o que deve agradar tanto aos fãs da obra original quanto aos recém-chegados, mas ainda apresenta diversas falhas.

Para aqueles que se esqueceram dos acontecimentos da 1ª temporada, aqui vai um resumo: após um incêndio, a adolescente Bloom Peters descobre ser uma fada do fogo e é enviada para a Escola Alfea, um internato prestigiado que treina fadas e especialistas para cargos de liderança no Outro Mundo – um lugar desconhecido pelos humanos do Primeiro Mundo. Junto às suas colegas de quarto – Stella, Aisha, Terra e Musa – ela busca entender mais sobre o seu passado, enquanto luta contra os Queimados, criaturas letais que ressurgiram nessa terra mágica e estão misteriosamente conectadas à protagonista.

O segundo ano traz novidades significativas ao elenco. Há novos atores para Rosalind e Professor Harvey, agora interpretados por Miranda Richardson e Daniel Betts, respectivamente. Além de novos personagens regulares: o especialista Grey (Brandon Grace), a fada Flora (Paulina Chávez), e o ex-aluno Sebastian (Éanna Hardwicke).

A nova temporada se passa alguns meses após os acontecimentos da season finale. Muitas mudanças ocorreram na direção de Alfea, que agora está sendo comandada com pulso firme por Rosalind e tendo o apoio da rainha Luna de Solaria. A escola se transformou em um verdadeiro acampamento militar, levando os seus alunos ao limite e eliminando aqueles que saem de linha ou não atendem às expectativas.

As garotas da suíte Winx estão insatisfeitas com o novo regime na instituição e preocupadas com o desaparecimento da diretora Dawling – que foi morta na temporada anterior – e o julgamento do ex-diretor Silva pela tentativa de assassinato de Andreas. Decidindo resolver as coisas com as próprias mãos, as fadas libertam Silva e trabalham juntos para derrubar Rosalind. Entretanto, os membros de Alfea precisam se unir para lutar contra a ameaça dos Bruxos de Sangue – inimigos jurados do Outro Mundo que buscam vingança pela matança que ocorreu em Aster Dell - e suas criaturas, chamadas de Scrapers, invocadas do Reino das Trevas para roubar os poderes das fadas. 

A nova leva de episódios de 'Fate: The Winx Saga' pode ser definida como consistente, tendo corrigido diversos erros da temporada anterior e ouvindo alguns apelos dos fãs, mas ainda traz problemas. Talvez, o maior deles seja a pouca quantidade de episódios: há tantos personagens na trama que alguns dos mais importantes acabam presos em narrativas rasas, enquanto outros mostram grande desenvolvimento pessoal. 

As principais decepções são Sky, Andreas e Silva, todos conectados por um plot que deu diversas voltas, porém não chegou a lugar algum. Sky é o namorado perfeito que sempre apoia Bloom, o que não deixa tempo de tela para o personagem resolver seus problemas com suas duas figuras paternas. O seu pai biológico, Andreas, apareceu na temporada anterior prometendo ser de grande relevância e acaba sendo apenas medíocre. O seu único momento interessante é durante um diálogo com sua filha adotiva, Beatrix, quando demonstra ser um pouco mais do que um soldado cego por lealdade, mas ele não dá essa mesma cortesia ao filho.

Já Silva faz um esforço para se reconciliar com Sky, entretanto o roteiro não deixa espaço para uma conversa entre eles, pois são constantemente interrompidos pelos diversos conflitos e ameaças do Outro Mundo. Além disso, a narrativa nunca aborda os sentimentos de Silva em relação à morte de Dawling, quem tinha claramente uma conexão forte com ele na 1ª temporada, sendo amigos por décadas e colegas de trabalho, além de um interesse romântico subentendido.

Outra decepção é Flora, considerada uma das maiores expectativas da temporada. Por mais que fosse uma das fadas mais populares do desenho original, ela é reduzida a uma personagem de apoio com muito tempo de tela, que está presente apenas para ajudar a prima Terra tanto na luta contra os Bruxos de Sangue quanto em descobrir mais sobre si mesma. As suas decisões são repentinas e mal justificadas para atender à narrativa principal, não possuindo plot próprio ou uma personalidade bem definida.

Ainda sobre os aspectos negativos, é importante destacar as lutas. Mesmo que os efeitos especiais tenham ficado ainda melhores, principalmente as asas, os olhos das fadas e os poderes das protagonistas, todas as lutas que precisam de efeitos são mornas. Ao contrário dos combates com especialistas, que são cenas longas e bem coreografadas, parece que o roteiro sempre se apressa para resolver cenas de ação que envolvem magia. Um dos pontos fortes de 'O Clube das Winx' eram esses combates envolvendo as fadas, então é uma decepção ver os episódios construírem tensão e prometerem lutas épicas apenas para terminarem com vilões derrotados facilmente.

Claro que a nova temporada também trouxe diversos pontos positivos. O roteiro continua acertando no desenvolvimento da conexão entre as protagonistas, afinal a amizade entre elas é a essência da produção. E há muitas referências à obra original, como, por exemplo, a batalha de Domino, o feitiço de Convergência e a Companhia da Luz. 

Enquanto alguns personagens tiveram narrativas rasas, muitos outros tiveram plots que os ajudaram a descobrir quem são. Por exemplo, ao se distanciar da relação tóxica com Beatrix e Dane, Riven demonstra ser mais do que um bad boy, se reaproximando do melhor amigo Sky e desenvolvendo uma conexão com Musa – o que dá esperança aos fãs sobre um relacionamento romântico futuro. Além disso, vemos Stella saindo da sombra da sua mãe, a monarca de Solária, para defender aquilo em que acredita.

Uma das principais críticas à temporada anterior era a falta de representatividade LGBTQIA+, agora os showrunners dedicaram bastante espaço para uma das protagonistas, Terra, descobrir quem é e compartilhar isso com as suas amigas. A cena dela se abrindo com as fadas sobre sua sexualidade e sendo acolhida é, sem dúvida, uma das mais delicadas de toda a série.

De modo geral, 'Fate: The Winx Saga' supera a temporada anterior. Temos mais magia, novas transformações e plot twists surpreendentes, além de respostas para várias das perguntas que a narrativa carrega desde a 1ª temporada. Apesar do episódio final ser corrido e ter furos, ele termina apresentando um dos arcos mais populares do desenho original e a promessa de que há muito ainda a ser explorado no Outro Mundo. 

Quer conferir a nova aventura das fadas? Todos os novos episódios de 'Fate: The Winx Saga' já estão disponíveis na plataforma de streaming Netflix.

Nota: 8.8