Escrito por: Pedro Rubens
Ter a primeira temporada aclamada pode levar uma série à renovação. De fato, a audiência pode ser o fator decisivo, afinal o investimento precisa de retorno.Quando isso traz o reconhecimento do público e dos críticos, há um sabor ainda mais delicioso. Porém, algumas vezes, a renovação sai pela culatra…
Only Murders in the Building finaliza sua segunda temporada concluindo o arco aberto desde o primeiro episódio do seu primeiro ano. Diante dos eventos que envolveram o nosso trio de podcasters favorito, o Edifício Arcônia não é mais o mesmo e precisa encarar as maluquices de uma nova investigação dentro das suas instalações.
Prosseguir com o arco aberto na temporada anterior, que finaliza com a consumação de um novo homicídio e coloca nossos protagonistas com um alvo nas costas, foi uma das melhores escolhas da produção. Fica evidente que esse sempre foi o plano, desde o início. Todavia, ainda que a ideia seja excelente, a execução deixa a desejar.
A série tenta mostrar, a todo custo, que sabe de onde veio, para onde quer ir e o caminho que deve trilhar, mas entrega apenas um roteiro que gira em torno da autoafirmação e não leva a lugar nenhum. Ao desenvolver personagens secundários, inserir plots, enredos e núcleos novos, a produção não consegue sair do canto.
Pensar em novos ares, novas cores e propostas não é de todo ruim. Toda série precisa investir em novidades à medida que lança temporadas, mas elas precisam ser coesas com a história geral, agregar algo e trazer ainda mais valor à obra geral. Não é o caso de Only Murders in the Building, que ao finalizar seu décimo episódio gera inúmeros questionamentos acerca de certas participações especiais, aparições forçadas, ideias sem sentido e que, por muitas vezes, nem parecem ser da mesma série que teve uma excelente temporada de estreia.
A pedra angular aqui, é única e exclusivamente o carisma e as piadas do trio protagonista, que continuam funcionando perfeitamente bem. A ligação que emana de Steve Martin, Selena Gomez e Martin Short ultrapassa a tela e envolve o público, garantindo a audiência até o final da temporada. Confesso que passaria horas assistindo as aventuras desses três juntos, independente de haver um novo homicídio ou não.
Reiterar a sua própria genialidade e investir em novas ideias foi o problema deste novo ano, que se arrasta e parece, simplesmente, que os novos horizontes não ultrapassam o próprio umbigo.
Quando finalmente as coisas começam a desembaraçar parece ser tarde demais, e como muito bem diz o Oliver: “Este nem parece ser um episódio final!”. Ainda que o roteiro volte ao prumo e apresente um season finale excelente, divertido, satisfatório e eficaz, fica a sensação de que a produção entendeu que usou os episódios anteriores de forma equivocada.
Only Murders in the Building ainda tem chances de voltar ao que já foi, desde que foque no que de fato importa: conflito de gerações, desenvolvimento do arco principal e mantenha o trio de protagonistas sempre em tela. Desta forma, o sucesso continuará e o público terá muita diversão pela frente.
Nota: 8.0