Escrito por: Leonardo Markana
Baseado no conto de V.E. Schwab, a série nos apresenta Calliope Burns e Juliette Fairmont, adolescentes que se apaixonam ao estilo Romeu e Julieta nos tempos de celulares e redes sociais, mas que não poderiam ser mais diferentes entre si. Juliette descende de uma poderosa linhagem de vampiros, lhe concedendo privilégios sobrenaturais em relação a sua própria espécie. Calliope Burns pertence a uma renomada família de caçadores de monstros que sempre lhe ensinaram que toda criatura sobrenatural deve e merece ser morta. Nenhuma dessas razões serão fortes o suficiente para impedir que elas se apaixonem perdidamente uma pela outra, nem que isso signifique enfrentar obstáculos vindos de todos os lados possíveis.
First Kill não inova nem revoluciona ao trazer mais uma história sobrenatural sobre vampiros e seus caçadores, mas se destaca ao colocar no centro de sua narrativa um casal proibido formado por duas personagens femininas. Levando em consideração a trajetória extremamente problemática de personagens queers no audiovisual, em especial as lésbicas, a série se torna um refresco para esta parte da comunidade que tanto carece de histórias sobre mulheres que amam outras mulheres. A série não cede aos muitos tropos problemáticos estabelecidos na televisão ao se tratar de um casal sáfico, pois o normaliza de maneira natural (como deveria ser) e foca no que realmente importa para a sua história - o romance proibido entre uma vampira e uma caçadora de monstros.
Mas como nem tudo são flores, First Kill, infelizmente, sofre com alguns problemas, tanto dentro de si mesma quanto pelas circunstâncias que chegou ao mundo. Não vou entrar a fundo no aspecto técnico, pois minha jornada com séries de baixo orçamento e efeitos duvidosos é longa, logo minha tolerância para esse aspecto se torna bem alta. Meu incômodo maior seria direcionado diretamente para a Netflix, que em nenhum momento considerou dar uma verdadeira chance para a série poder florescer em sua produção. Não chega a ser uma surpresa, considerando como a plataforma trabalha de maneira falha com suas próprias produções, mas não deixa de ser algo triste de testemunhar, especialmente se tratando de uma produção direcionada para um público majoritariamente composto por mulheres queers.
Infelizmente acredito que, por conta dessas fortes limitações, a série acaba não tendo a devida chance de brilhar nem desenvolver sua mitologia de maneira mais cuidadosa como merecia. Por mais que existam inúmeras histórias sobre vampiros na cultura pop, cada uma apresenta suas próprias regras e mitologias de maneira bem trabalhada. Pessoalmente, meu maior problema acabou sendo com a falta de estrutura narrativa que fosse crível no aspecto mitológico. Dentro de um ponto de vista pessoal, isso acaba refletindo em alguns atores no elenco, com exceção de suas duas protagonistas que entregam muito bem todos os aspectos que envolvem um romance proibido. Uma produção limitada não significa que um elenco não possa florescer dentro dessas circunstâncias, pois a sensação que tive ao sair do foco de Juliette e Calliope, foi que outros núcleos envolvendo personagens secundários não me passavam a credibilidade necessária para que eu pudesse ficar imerso na história contada e aceitar que aquela era uma série sobre vampiros, mesmo com suas muitas limitações técnicas.
Nota - 7.5