Escrito por: Tom Carvalho
Rap Sh!t é a nova comédia original HBO Max que traz Shawna e Mia, enquanto ambas enfrentam os desafios da vida adulta e investem numa carreira como um duo de rap e, para isso, mergulham de cabeça no competitivo mundo do mercado fonográfico.
Shawna, interpretada pela novata Aida Osman, usa suas letras como um meio de protesto contra problemas como o machismo e a sexualização exacerbada de mulheres rappers e se vê frustrada quando cantoras com pouca roupa e muito conteúdo sexual em suas músicas acabam tendo o maior destaque nas redes sociais e no mercado da música. A compositora, apesar de muito talento e uma certa visibilidade na Internet, trabalha como atendente de um hotel e basicamente se sente incompleta e infeliz com o rumo que sua vida tem tomado desde a adolescência.
Por outro lado, temos Mia que lida com o crescimento na carreira profissional, enquanto cria sua filha. No episódio piloto, vemos que a relação familiar da personagem não é simples por conta de uma separação e constantes problemas financeiros que envolvem o pai da criança, bem como a falta de oportunidade no mercado de trabalho.
Os episódios iniciais mostram a reaproximação das duas amigas, enquanto levam o espectador ao que de fato conduz o dueto a uma tentativa de se lançarem como artistas juntas. Tanto o piloto como o segundo episódio já deixam claro a forma como a série pretende mostrar a interação entre todos os personagens e por meio de recursos que remetem ao uso de smartphones praticamente durante todos os episódios, a produção brinca com as câmeras, ângulos e trabalha muito bem com a mobilidade que o uso desses recursos não convencionais pode trazer para o enredo e na forma que as personagens se conectam e arquitetam planos para suas vidas pessoais e profissionais, o que também se torna evidente na produção. É como se estivéssemos acompanhando as telas dos telefones de todos os personagens de acordo com o que as histórias vão se desenvolvendo. Shawna tem um relacionamento à distância com seu namorado e, por meio dessas liberdades criativas, o segundo episódio até tem um momento íntimo entre o casal que acontece graças à tecnologia que os aproxima, enquanto lidam com seus próprios obstáculos com objetivos de vida totalmente diferentes.
Assim como em Insecure, Rap Sh!t traz não apenas os plots musicais como destaque, mas mostra muito bem os conflitos pessoais das protagonistas e a forma como esses problemas impactam na vida de cada uma. A resiliência dessas mulheres fica bem clara enquanto uma série de dificuldades são impostas no caminho da potencial dupla de rap, o que adiciona camadas à história e torna a série ainda mais "fácil" de ser vista. Os episódios são ágeis e agradáveis de assistir.
Rap Sh!t tem um potencial imenso nas mãos e deve seguir os passos de Insecure e Sweet Life: Los Angeles, projetos que tem não apenas uma audiência satisfatória, mas que impactam de alguma maneira na forma como histórias de pessoas de cor são contadas e representadas na TV.
A série já tem grandes chances de uma renovação para uma segunda temporada, mas sem a confirmação oficial da HBO Max até o momento em que esse texto foi escrito. Seu lançamento aconteceu no dia 21 de julho e novos episódios saem às quintas-feiras. A primeira temporada terá um total de 8 episódios de 30 minutos cada.
Nota: 8,5