Escrito por: Pedro Rubens
Toda produção audiovisual precisa de uma linha temporal. Algumas até investem em várias linhas do tempo, mas há a necessidade de uma principal na qual os fatos ocorrem. A diferenciação entre elas pode acontecer com datas sendo exibidas, através da colorimetria, ou até pela mudança de atores indicando ser no passado ou futuro.
Em La Noche Más Larga, série espanhola e original Netflix, homens armados cercam uma prisão psiquiátrica e cortam todas as comunicações. Tendo como objetivo capturar o serial killer Simón Lago, o cerco da prisão vai mostrar que nem tudo é o que parece ser e em fração de minutos muita coisa pode acontecer.
Se 24 Horas fez história contando ao longo de 24 episódios por temporada acontecimentos de um dia de investigação, La Noche Más Larga chega para fazer história contando eventos que ocorreram em uma noite. A produção conta a trama principal mesclando com plots secundários, trabalhando a passagem de tempo através de um relógio de canto de tela, que ressoa como um alarme desesperador nos convocando para algo. Há urgência a todo momento!
O roteiro não se prende apenas à prisão de Simón Lago e ao cerco ao redor da prisão para capturá-lo. Por trás disso, durante os 6 episódios, temos as múltiplas camadas que vão deixando a história ainda mais robusta, desde um policial desesperado para recuperar sua filha até uma interna que possui Transtorno Dissociativo de Identidade e vive atormentada com os comandos da sua “amiga”, como ela mesma chama.
A série vai adentrando nessas histórias, mesclando os eventos catastróficos que estão acontecendo na prisão, enquanto apresenta o passado dos detentos e dos policiais ao passo que a história vai ganhando mais cor e vai pintando um quadro muito bem fundamentado. As dores, inconsistências, medos e até prazeres de cada um ali são reais e estão muito próximas de todos nós.
Quando as peças de La Noche Más Larga vão se encaixando e a temporada chega ao fim, o roteiro nos dá um xeque-mate, prendendo para uma possível segunda temporada. Aqui não há nenhum esforço em conduzir a história para a renovação, pelo contrário, faz-se necessário.
Enquanto a história segue crescendo exponencialmente, os personagens seguem essa mesma linha e ganham o espaço devido. Todos que estão na prisão de alguma forma se envolvem na narrativa principal e, consequentemente, recebem o destaque necessário. Isso é bastante aproveitado com um elenco que se dedica ao máximo para causar um misto de emoções no público.
La Noche Más Larga chegou na surdina e trouxe uma história profunda, densa e cheia de camadas, mas brilhantemente bem executada. Esse pode ser mais um dos sucessos da Netflix e, de fato, merece todo o reconhecimento que lhe for imputado.
Nota: 8.5