Escrito por: Tom Carvalho
Tom Swift é a mais nova série do The CW a entrar para o currículo do interminável mundo de spin-offs do canal e traz uma espécie de releitura para uma história clássica, só que de uma forma mais diversificada e fora do tradicional.
Apesar de ser uma novidade no mundo das séries, o personagem que dá nome a série já é uma obra antiga no mundo da literatura. Com um total de 6 livros publicados, a partir de 1910, as histórias sempre trouxeram um herói focado em inovação e tecnologia. Na versão televisiva, vemos esses aspectos mantidos adicionados a um Tom negro e gay, muito diferente do idealizado na obra escrita do inicio do seculo passado.
Aqui, os temas são mais adultos, deixando as aventuras infanto-juvenis de lado. Vale ressaltar que no livro 'Tom Swift e Seu Rifle Elétrico', de 1911, a narrativa trazia um racismo descarado que tratava africanos como brutos, animais não-civilizados e apresentava o protagonista - que na obra era branco - como uma espécie de salvador daquele povo. Até por conta disso, é seguro afirmar que a releitura do personagem, agora nas telinhas, busca uma redenção de toda uma trajetória.
Vale ressaltar que, por trás das câmeras, temos Melinda Hsu Taylor (co-showrunner de Nancy Drew) como showrunner e produtora executiva além da ajuda da produtora Fake Empire, empresa encabeçada por Stephanie Savage e Josh Schwartz, produtores veteranos e responsáveis pelos sucessos das gigantes Gossip Girl, Chuck, Dynasty, entre outros.
A ideia para a nova série foi apresentada na segunda temporada de Nancy Drew e não demorou muito para ganhar um sinal verde do canal. Assim como na participação especial, o ator Tian Richards manteve o papel principal e, em recente entrevista, disse considerar a representatividade da atração como um momento muito importante. A representatitivade que o ator se referiu pode ser vista principalmente nas cenas em que vemos tanto atores quanto personagens negros, homessexuais e transgêneros interpretando inventores, profissionais graduados e outros personagens que atores afro-americanos não tinham acesso no passado.
O episódio piloto é ágil com as cenas e apresenta cada um dos personagens, enquanto explora a grandiosidade das empresas do grupo Swift. O ritmo do episódio parece descontrolado e mostra talvez mais do que o necessário. Os primeiros diálogos envolvem conversas sobre uma visita de Barton - pai de Tom - ao planeta Saturno e trazem rápidos traços de personalidade dos protagonistas, além de trazer vários dos elementos que dão a identidade de “inovadora” para a série.
Após uma tragédia familiar, Tom busca se tornar o novo CEO da Swift Enterprises, mas precisa provar seu próprio valor e mostrar tanto para a família quanto para os investidores que é capaz de assumir o cargo. Há uma preocupação por parte do protagonista de se mostrar forte, extremamente inteligente e queer o tempo todo, pelo menos nesse primeiro episódio. Zenzi (interpretada por Ashleigh Murray, a Jodie de Riverdale) que faz parte da família, também está envolvida no grupo de empresas da família e serve como uma espécie de suporte tanto intelectual quanto emocional para Tom.
Esse episódio de abertura teve de tudo. Começa num tom mais acelerado, parte para um momento um pouco mais reflexivo para os personagens e, depois, mostra investigação e ação, que devem ser constantes no decorrer da temporada. Tom Swift não foge do estilo de storytelling que o canal CW costuma adotar e, em poucos minutos, já traz problemáticas que devem ser a base dos acontecimentos futuros na produção.
Confesso que os últimos minutos do episódio piloto me deixaram um pouco mais animado com o rumo que a série deve seguir. O cancelamento prematuro parece ser o destino mais provável, mas há potencial de tornar a narrativa interessante o suficiente para atrair mais atenção dos espectadores. Os números de audiência da estreia não foram os mais animadores, então fica o aviso para evitar futuras decepções.
Tom Swift é uma série original do canal CW exibida às terças-feiras e ainda não está disponível em nenhum streaming brasileiro.
Nota: 7.5